A apresentação decorre no terminal ferroviário de Campanhã, no Porto. A linha ferroviária de alta velocidade abrange Lisboa, Porto e Vigo, o que representa um primeiro passo para a inserção do país na rede ibérica. Ligação entre as duas principais cidades do país será feita em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto, não terá paragens e será construída em três fases.
“Esta linha estará totalmente integrada com o resto da rede ferroviária nacional. As cidades [do Porto e de Lisboa] serão servidas nas estações centrais”, disse Carlos Fernandes, do Conselho de Administração da Infraestruturas de Portugal (IP).
Numa apresentação que decorre esta manhã em Campanhã, no Porto, Carlos Fernandes avançou que a nova linha de alta velocidade terá via dupla e ligará o Porto e Lisboa numa hora e 15 minutos.
A construção está dividida em três fases, estando a primeira, o troço entre Porto e Soure, prevista concluir até 2028.
Neste que é, disse o responsável, o “troço mais congestionado da Linha do Norte”, o tempo de percurso estimado será de uma hora e 59 minutos.
O segundo troço, entre Soure e Carregado, que deve estar concluído até 2030, e deverá diminuir o tempo de percurso para uma hora e 19 minutos.
A terceira fase, entre Carregado e Lisboa, “será construída mais tarde”, disse Carlos Fernandes, e permitirá atingir a duração final de uma hora e 15 minutos de toda a ligação.
Carlos Fernandes garantiu, ainda, que estão previstas "múltiplas ligações" entre a linha de alta velocidade e o resto da rede ferroviária. O responsável da IP destacou que esta linha também pautar-se-á por estar “totalmente integrada” na atual rede ferroviária nacional, o que permite servir as cidades onde passará sem necessidade de criar novas infraestruturas.
Quanto às estações centrais – em Lisboa e no Porto – Carlos Fernandes disse que estas serão servidas “sem ter de construir novos troços” porque “os comboios poderão usar ou a Linha do Norte ou a Linha do Oeste e servir as estações sem necessidade de novas construções”.
“Isto não será um eixo autónomo, um eixo independente, será um eixo totalmente integrado na rede ferroviária nacional”, referiu.
O responsável apontou como “grande benefício” da integração da linha de alta velocidade na linha ferroviária nacional “permitir que a construção desta nova linha se estenda ao resto do país”.
“Os benefícios não vão ficar limitados a Lisboa e Porto, ou às cidades intermédias, os benefícios vão-se estender”, frisou, dando exemplos de ganhos em tempos de ligação em cidades como Figueira da Foz, Guarda ou Santarém, bem como Braga ou Guimarães.
Carlos Fernandes especificou que, por exemplo, as viagens para Santarém passarão a demorar menos 33 minutos a partir do Porto, e que as viagens para a Guarda terão reduções de 47 minutos a partir de Lisboa e de 1h19 a partir do Porto.
Em Campanhã, no Porto, a estação ficará preparada para esta nova linha, bem como para ligações a Norte, incluindo Vigo, e preparada para uma ligação “a construir no futuro” de ligação ao aeroporto Francisco Sá Carneiro.
Carlos Fernandes disse que a IP está a trabalhar em parceria com a Câmara do Porto para desenvolver um projeto que integre a “nova” estação de Campanhã na cidade.
Já em Vila Nova de Gaia, este projeto implica a construção de uma nova estação, infraestrutura essa que “foi estudada com o Município” e que ficará no cruzamento de duas linhas de metro (linhas amarela e Rubi) em Santo Ovídio.
“Um passageiro que chegue no comboio de alta velocidade poderá, imediatamente, apanhar o metro”, disse Carlos Fernandes, garantindo que também neste caso a solução está articulada com a empresa Metro do Porto.
Em causa está uma estação para servir a área ocidental do Porto e de acesso à alta velocidade a toda a zona Sul do Porto.
Quanto à estação de Aveiro, a IP acredita que será a que necessita de “menor intervenção” por ser uma estação “relativamente recente” localizada no centro da cidade, tendo de intervir “apenas nas plataformas”.
“Na estação de Coimbra temos mais trabalho a fazer. É uma estação onde a intervenção tem vindo a ser adiada, mas é também onde o projeto está mais adiantado. Está tudo integrado com o sistema de mobilidade do Mondego. A partir de Coimbra, no futuro, será possível alcançar mais de 150 destinos por comboio”, acrescentou.
Carlos Fernandes apontou que no âmbito deste projeto a Linha do Norte a Sul de Coimbra será “quadruplicada”.
"Esta revolução teve um primeiro de recuperação e de estabilização. Era preciso travar a queda", continuou o ministro, referindo-se à reintegração da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) na CP — Comboios de Portugal, a reabertura da oficina de Guifões, a recuperação de "dezenas de comboios encostados em Portugal" e ao reforço dos quadros da CP e da Infraestruturas de Portugal (IP), entre outras.
Costa assegurou ainda que "o país tem hoje condições financeiras para poder assumir este projeto com a tranquilidade" e que não haverá "sobressaltos que o ponham em causa", salientando também que infraestruturas como esta "transcendem qualquer maioria".
"Os grandes projetos estruturantes, a rodovia, ferrovia e aeroportuária têm de ser objeto de grande consenso nacional, validados na Assembleia da República e ter, pelo menos, o apoio de dois terços", disse, sublinhando que o projeto reuniu uma "larguíssima maioria" na AR.
Alta velocidade Lisboa-Porto vai permitir "triplicar" oferta e procura
"A nossa expectativa é que passemos a ter 60 serviços na linha de alta velocidade", afirmou Carlos Fernandes durante a apresentação. De acordo com o responsável, dos 60 serviços diários na linha de alta velocidade, 17 serão diretos, nove vão ter paragens em estações intermédias e 34 serão serviços mistos, isto é, serviços que usam, em parte, a linha de alta velocidade e noutra a linha convencional.
Aos 60 serviços diários, acrescem os 17 serviços da rede convencional intercidades, fixando a oferta em "cerca de 77 serviços por dia que comparam bem com os 25 serviços que atualmente circulam na linha do Norte".
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