Companhia alemã cria em Ovar nova unidade para o negócio das bicicletas elétricas. Área já era aposta em Braga. Ideia é tornar Ovar mais competitiva ao mesmo tempo que o negócio ganha dimensão em Braga. Só com e-bikes, as fábricas destas regiões vão gerar 70 milhões de euros já em 2023.
A Bosch vai lançar em Ovar uma nova área de negócio dedicada às e-bikes (bicicletas elétricas), prevendo-se o recrutamento de 300 trabalhadores para a equipa de produção, 30 técnicos e engenheiros e 21 pessoas para investigação e desenvolvimento (I&D), que se vão focar em exclusivo à nova área, apurou o Dinheiro Vivo junto da Bosch.
A nova aposta da Bosch de Ovar representa um investimento de 6,5 milhões de euros e vem acrescentar valor ao que já é feito na área das e-bikes pela gigante alemã em Braga. A equipa de Ovar dedicar-se-á ao desenvolvimento de controlos remotos, displays (ecrãs táteis) e outros dispositivos conectáveis que apoiem na gestão e controlo de uma bicicleta elétrica. Também será responsável por alguns processos de assemblagem e de controlo de elevada precisão. Na fábrica de Braga, continuarão a ser produzidos sensores, eletrónica de gestão das baterias e outros componentes para e-bikes.
"Acreditamos que a aposta nesta nova área de negócio é uma forma de aumentar a nossa competitividade", afirma o administrador da Bosch de Ovar, António Pereira, ao Dinheiro Vivo. O gestor explica que este investimento não só incrementará os níveis de produção em Ovar, como vai "aumentar a atratividade da organização" e "criar novas oportunidades e competências". Ao mesmo tempo, o portefólio da fábrica de Ovar torna-se mais diversificado.
Quanto ao investimento necessário, António Pereira clarifica que o processo de recrutamento de 350 pessoas deverá estar concluído em abril de 2023. "Contamos concluir as primeiras equipas em janeiro, de I&D em março e para operadores em abril de 2023", revela.
Neste momento, a Bosch procura para Ovar "perfis diversos" em áreas como engenharia e desenvolvimento de software, engenharia industrial, engenharia mecânica e UX/UI Design.
As mais de três centenas de trabalhadores da nova unidade de negócio vão juntar-se às cerca de 1200 pessoas que trabalham na Bosch de Ovar, atualmente. António Pereira realça que a tendência é das equipas "continuarem a crescer".
E-bikes em Ovar até 2027, pelo menos.
O administrador da Bosch de Ovar revela, ainda, que dos 6,5 milhões de euros que estima serem necessários investir na criação da área de bicicletas elétricas, "aproximadamente 60%" do budget "está executado". Os 40% que faltam do investimento inicial deverão ser executados "até fevereiro de 2023".
O trabalho que a equipa de e-bikes de Ovar fará será exportado e distribuído "a nível mundial", mas a "grande prevalência de clientes finais encontra-se na Europa central".
António Pereira estima que esta nova área de negócio dedicada às bicicletas elétricas vai gerar uma faturação de 40 milhões de euros já em 2023, em Ovar.
"E nos anos seguintes deve duplicar, ou seja, deverá estar aproximadamente nos 80 milhões de euros ao ano, com o projeto planeado para além de 2027", prevê. Os valores são atrativos, considerando que a fábrica de Ovar gerou, em 2021, receitas de 193 milhões de euros, e a perspetiva para este ano é de um "crescimento na ordem dos dois dígitos".
Bicicletas elétricas ganham dimensão em Braga
A aposta da Bosch de Ovar é um projeto independente face ao que já é desenvolvido na mesma área pela Bosch de Braga. No entanto, há um efeito de agregação de valor global.
Carlos Ribas, administrador da unidade de Braga e principal representante da companhia alemã em Portugal, revela que o trabalho das equipas de e-bikes da operação bracarense deverá gerar receitas de 30 milhões de euros em 2023.
Ou seja, no próximo ano, a Bosch pode ter receitas de 70 milhões de euros, pelo menos, só no negócio das bicicletas elétricas.
Nos anos seguintes, o valor poderá ser ainda maior, considerando que esta área em Braga poderá beneficiar de novos investimentos. "Até ao momento não houve investimento [porque a área de e-bikes está integrada em projetos mais amplos de mobilidade sustentável], mas até 2029 existe a possibilidade de investir cerca de 16 milhões de euros", revela Carlos Ribas ao Dinheiro Vivo.
A concretizar-se essa hipótese, "a previsão é que esta área de negócio represente entre 4% e 7% no volume de vendas em Braga". No final de 2021, o volume de negócios da Bosch de Braga foi de 1035 milhões de euros, de acordo com o gestor.
Na base desta estimativa de crescimento, está a previsão de pelo menos até 2026 existir na fábrica de Braga oito linhas de produção dedicadas só a componentes para bicicletas elétricas.
Atualmente, a equipa de e-bikes em Braga conta com sete pessoas na área de produção e outras quatro na área de desenvolvimento. "Esta equipa tem vindo a crescer de forma sustentada e o objetivo é que continue a crescer ao longo dos próximos anos, à medida que o negócio também vai crescendo e tornando necessário aumentar a nossa capacidade de resposta", reforça Carlos Ribas.
Até ao final de 2022 deverão ser contratados mais 11 trabalhadores para a área. Mas está já identificada a necessidades de reforçar a área de e-bikes de Braga com 64 novos técnicos até 2026. Uma perspetiva que, para Carlos Ribas, a par dos dados financeiros, reflete o "peso crescente" que este projeto tem e terá também na unidade de Braga. Atualmente, e considerando todas as áreas, trabalham em Braga cerca de 3500 pessoas.
O que tem sido produzido em Braga na área das bicicletas elétricas é também exportado para todo o mundo, de acordo com o representante da Bosch em Portugal, que acredita que esta área "tem provado o seu valor" e conseguido atrair "um número cada vez maior de pessoas um pouco por todo o mundo", sendo mais uma forma de "consolidar a competitividade" da operação portuguesa dentro do grupo Bosch.
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