Uma inflação de 6,2 por cento torna difícil terminar o mês com dinheiro na conta bancária a cada vez mais franceses, levando muitas famílias a procurarem associações de ajuda alimentar para comerem diariamente.
Trabalhamos com muita gente que já estava numa situação precária há vários anos, mas hoje temos um novo público. Pessoas que nunca tinham pedido nada a associações como a nossa, porque como trabalhavam conseguiam chegar ao fim do mês. Agora, mesmo trabalhando, as famílias não conseguem pagar tudo, disse Houria Tareb, secretária nacional do Secours Populaire, em declarações à Agência Lusa.
O Secours Populaire ajuda anualmente cerca de dois milhões de famílias em França, distribuindo bens essenciais, incluindo ajuda a bebés, com fraldas e leite em pó, e a constatação a nível nacional é que desde março, altura em que se começaram a sentir as consequências da invasão russa da Ucrânia iniciada a 24 de fevereiro, muitos franceses procuraram pela primeira vez ajuda junto desta organização.
Em Paris, as dificuldades traduzem-se nos pequenos gestos do quotidiano de quem vive na capital do país.
"Um exemplo claro são as dificuldades das padarias em Paris. São empresas pequenas e locais que hoje em dia têm dificuldades em pagar as suas contas, como a da eletricidade e isso acaba por ter influência no preço do pão. Portanto, as consequências acabam sempre por ficar para os mais pobres, já que não conseguem acompanhar o aumento geral dos preços", afirmou Barbara Gomes, conselheira municipal da Câmara de Paris.
Com um salário mínimo bruto de cerca de 1.600 euros, que com descontos fica em cerca de 1.200 euros mensais - sendo que o limiar da pobreza se situa em 1.100 euros -, torna-se agora ainda mais difícil em França pagar todas as suas contas, tendo em conta o aumento geral dos preços, com a época natalícia a despertar já as ansiedades das famílias mais pobres.
"As pessoas que vivem com o salário mínimo não podem ter qualquer tipo de gasto extra por mês. Mal chegam a pagar as suas contas como deve ser, mesmo pagar a internet ou a renda. Estão sempre a contar cêntimos. Ter uma vida social é impossível, comprar uma prenda é impossível. Esta época de Natal causa muita ansiedade em muitas famílias, porque sabem que não vão poder ter uma época festiva como deve ser".
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