Os receios que a Europa sofra um grande apagão neste inverno, devido ao elevado custo da energia e demais efeitos da guerra, continua a invadir os cidadãos de vários países europeus, revelou o jornal espanhol ‘ABC’ – britânicos, alemães e franceses já começaram a tomar medidas para o efeito, comprando tudo o necessário caso deixem de ter energia.
A psicose da Europa está a gerar números expressivos de venda de madeira e roupa para o frio e em alguns países as autoridades recomendam mantas, velas e lanternas para os cidadãos estarem preparados em caso de apagão.
“Agradecemos o donativo de produtos que não requeiram ser cozinhados e que possam ser comidos frios”, foi uma das especificações de um colégio no oeste de Londres, na Grã-Bretanha, às famílias dos seus estudantes para um banco de alimentos com o qual colabora. E não é caso único – há meses que muitos bancos de alimentos trabalham nessa regra, uma vez que muitos utentes não têm dinheiro para cozinhar ou aquecer sequer a comida.
Clare Moriarty, diretora executiva da Citizens Advice, a crise atual tem uma particularidade: os bancos de alimentos e outras instituições de ajuda dirigem-se cada vez mais a pessoas que, apesar de terem trabalho, não têm rendimentos para cobrir todas as necessdiades e têm de decidir entre ‘heating or eating’ (aquecer-se ou comer).
Segundo dados da Stove Industry Alliance, que reúne diversas empresas no sector dos fogões, nas últimas semanas assistiu-se a um aumento de 40% na compra de madeira em relação ao ano anterior. “Com o custo do aquecimento a representar a maior parte das fatuas de energia neste inverno”, assim como a “crescente possibilidade de mais cortes de energia, não é de estranhar que os consumidores estejam a procurar alternativas para complementar o aquecimento a gás ou elétrico”, referiu Andy Hill, presidente da associação.
Cerca de 24 milhões de pessoas no Reino Unido já reduziram o uso de energia em suas casas entre março e junho deste ano e cerca de 16 milhões de britânicos reduziram o consumo alimentar, números da ONS (Office for National Statistics), do Reino Unido. O Ggoverno está a considerar lançar uma campanha de informação para incentivar os consumidores a reduzirem o seu uso de energia.
Na Alemanha, a Federação Alemã de Municípios alertou, no início de setembro, que, se todos estivessem ligados à rede ao mesmo tempo, o sistema entraria em colapso, notando assim que agora, para além da crise do gás, o país enfrenta o perigo real de um apagão. As autoridades alemãs mantêm a sua recomendação à população para que tenha cobertores, velas, baterias, lanternas, comida e, acima de tudo, água potável durante 14 dias. O presidente honorário da Agência Federal de Assistência Técnica, Albrecht Brömme, também recomendou um rádio e fornecimento de baterias. “As redes móveis caíriam em cerca de quatro horas e o rádio será o meio que pode transmitir mais tempo”, disse. “O risco, de 0 a 10, é 7”, alertou.
O distrito de Rheingau-Taunus, por exemplo, com 17 municípios sob a sua responsabilidade, tornou público que estimou mais de 400 mortes nas primeiras 96 horas. O distrito não tem capacidade para equipar lares de idosos com geradores de emergência; apenas um terço das suas equipas de bombeiros, numa área de 811 quilómetros quadrados, poderia funcionar e muitos sistemas de alarme e incêndio seriam desligados. Em 24 horas, as primeiras estações de tratamento de águas residuais deixariam de funcionar.
Em França, segundo fontes sindicais, onze reatores nucleares foram afetados nas últimas semanas por greves ou dias de manutenção e controlo, pelo que durante dois dias a produção nacional de eletricidade de origem nuclear foi reduzida em 4%.
A greve nos postos de abastecimento de dois grandes distribuidores, a Total Energies e a Exxon Mobil, precipitou um estado generalizado de alarme – 10% dos postos de abastecimento franceses tiveram problemas no fornecimento de gasolina e gasóleo. Em algumas regiões, a crise afetou mais de 30% dos postos de abastecimento. O espetáculo das filas nos postos de abastecimento de Paris, por exemplo, teve um efeito catastrófico, multiplicando incidentes de todos os tipos: disputas nas filas intermináveis, intervenções policiais e alarme político generalizado.
Perante a ameaça de uma greve por tempo indeterminado, as autoridades pediram a partilha do carro. Segundo o Governo de Emmanuel Macron, a “covoiturage”, o uso partilhado do carro, para ir trabalhar, por exemplo, pouparia muito combustível.
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